SEMANA SETE

Durante essa semana trabalhei assuntos relacionados a animais. Iniciei com os animais de estimação das crianças e o assunto foi se aprofundando. Conversamos sobre animais silvestres, exóticos, domésticos, da fazenda, úteis e nocivos ao homem, sobre animais em extinção, sobre o IBAMA e o Projeto TAMAR. O assunto surgiu após constantes relatos de uma aluna sobre acontecimentos com seus animais de estimação ( morte e nascimento, etc.) e também por relatar que possuía animais silvestres em casa.
Alguns questionamentos surgiram ao longo do trabalho e percebemos que muitos animais faziam parte de mais de um grupo, por exemplo, animais domésticos úteis e da fazenda, etc.
As crianças escolheram um animal para sabermos mais e o animal escolhido foi o tubarão. Os alunos trouxeram materiais a respeito, figuras e informações e montamos um painel sobre ele, durante toda a semana acrescentamos novidades ao painel, também eu tive que me aprofundar e pesquisar sobre o tubarão.
Com relação aos cuidados com os animais, trouxe para a sala de aula um peixe da raça Beta, e os ajudantes do dia focam responsáveis pelos cuidados com ele.
As aprendizagens...
Muitos alunos se envolveram com os cuidados com o peixe e relataram seus cuidados também em casa com os bichinhos de estimação, outros se lembraram dos animais abandonados nas ruas, conversei sobre a responsabilidade de cuidar de um bichinho na hora de adotar um.
No momento de construção de cartaz sobre os animais e a que grupo cada um pertencia, muitos esclarecimentos foram feitos e também algumas vezes tivemos que retornar as pesquisas para termos certeza do lugar de cada animal, aí surgiu à possibilidade de que os animais podem pertencer a vários grupos, para surpresa de alguns alunos. O bom da discussão é que vários animais considerados nocivos pelas crianças, como a cobra, puderam ser vistos de outra forma o que enriqueceu o trabalho trazendo dois lados da mesma questão, dois pontos de vistas diferentes para o mesmo assunto.
Com a colega Rafaela e seus animais exóticos surgiu o assunto IBAMA e a licença que devemos ter para cuidar destes animais e a conscientização da menina sobre os mesmos.
A mim, a constatação de que as crianças se envolvem muito mais em assuntos de seus interesses, e atividades práticas onde eles participem diretamente, como no caso confecção de cartazes e elaboração de maquetes, tamanho foi o envolvimento das crianças nessas atividades que minha presenças quase não se fazia necessária...
Confirmação de que o trabalho por projetos permite uma liberdade muito grande para abordar assuntos diversos, o foco de nosso trabalho identidade e é bastante amplo, mas através do projeto permite que seja possível a discussão de diversos temas.
Os alunos participaram ativamente de todas as atividades, contribuindo com falas, informações, materiais, pesquisas, figuras etc. Sobre o tubarão foi possível fazer um quadro sobre o que sabíamos o que gostaríamos de saber e o que descobrimos. Manteremos a pesquisa enquanto houver interesse por parte dos alunos. Essa semana o trabalho foi muito mais integrado entre os alunos e eu, pois o assunto animais é muito amplo e também eu juntamente com eles me aprofundei mais no tema, realizando pesquisas e confirmando informações, as trocas foram constantes e a aula fluiu não apenas com o objetivo de transmitir conhecimentos mais de construí-los coletivamente, tornando todos agentes no trabalho.

Trabalho em grupo, confecção de cartazes:



Pesquisa sobre tubarões:



Construção de maquete, em grupos, sobre os animais:



SEMANA SEIS

Atividade de contorno corporal e desenho de sua própria imagem:



O resultado de tanta dedicação pronto! Não poderia ser melhor:



Experimentação para percepção através dos sentidos:



Na semana seis trabalhei com minha turma assuntos relacionados ao corpo e cuidados com ele.
As aprendizagens que destaco são as referentes às atividades desenvolvidas sobre o contorno corporal e desenho de sua própria imagem e as envolvendo os órgãos de sentido.
Em relação à atividade de contorno corporal a aprendizagem também foi minha em dois momentos: um inicial, onde eu comecei a contornar os alunos e me dei conta que eles próprios eram capazes de fazê-los. Neste momento pedi que formassem duplas e realizassem os contornos, assim delegando responsabilidades e estimulando autonomia e participação dos alunos envolvendo-os mais ainda na atividade. Assim sendo mais coerente com o que desejo para eles. Em certo momento da atividade duas alunas me procuraram e disseram realmente não ter conseguido realizar a tarefa, me mostrando o papel. Perguntei a elas como resolveríamos o problema já que eu havia devolvido o rolo de papel cartaz... Uma das meninas me respondeu: - É só virar e fazer do outro lado. Eu concordei as duas correram satisfeitas para continuar trabalhando.
Percebi que como Paulo Freire traz na pedagogia da autonomia:
“ Não há docência sem discência, as duas se explicam, e seus sujeitos, apesar das diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objeto, um do outro. Quem ensina aprende ao ensinar, e quem aprende ensina ao aprender" (p. 25)
Constatei que os alunos se envolveram de tal forma na atividade que nos esquecemos de lanchar, e muitas crianças após uma semana sem recreio não queriam fazê-lo, mesmo com minha insistência, elas queriam continuar trabalhando.
A outra aprendizagem a ser destacada é a relacionada aos órgãos do sentido. Ao explicar aos alunos os nomes que damos a cada um, as crianças acharam estranho chamar, paladar, audição... Elas estavam mais familiarizadas apenas com a nomenclatura visão. Ao perguntar se eles haviam entendido para poder passar para a atividade prática, um aluno respondeu:
Sim !!! É como enxergamos com as mãos, com o nariz, com as mãos ...
De sua maneira ele explicou como havia entendido.
Após partimos para a atividade prática onde trouxe vários sabores, texturas, cheiros e sons para os alunos experimentarem sem usar a visão, por isso foram vendados. Todos participaram com muito entusiasmo e queriam fazê-lo novamente... Dava para perceber na hora da degustação as preferências pelos doces e salgados e as caretas pelos amargos e ácidos.
Somente gostaria de acrescentar que percebi certa dificuldade em geral, por parte das crianças, na identificação dos sons. Utilizei sons conhecidos com o relógio, chaves, guizo, mas mesmo assim muitos não reconheceram.

SEMANA CINCO

Essa semana abordarei duas aprendizagens:
A primeira referente ao trabalho proposto sobre gravidez, nascimento, tipos de parto.
O trabalho da semana abordou após pesquisa como as crianças nasceram que tipo foi o parto, etc. Após a realização do trabalho percebi que as crianças haviam de fato compreendido o processo porque ao fazermos uma página do livro da vida (nosso projeto) as crianças se desenharam dentro da barriga das mães, mas dentro do saco gestacional, com cordão umbilical e tudo. Outra mostra de que o assunto foi compreendido e assimilado foi quando ouvi uma aluna respondendo a outra de que forma havia nascido e esta disse: - Saí da vagina da mãe!
Durante a semana os alunos se mostraram agitados com o tema proposto, mas também extremamente curiosos e interessados.
Piaget explica que o interesse consiste num prolongamento das necessidades, ou seja, na interação que a criança estabelece com o mundo; um objeto ganha estatuto de “interessante” à medida que atende a uma necessidade. Diz o autor: “O interesse é a orientação própria a todo ato de assimilação mental. Assimilar, mentalmente, é incorporar um objeto à atividade do sujeito, e esta relação de incorporação entre o objeto e o eu não é outra que o interesse, no sentido mais direto do termo (‘inter-esse’)” (PIAGET, 2005b, p. 37).
A segunda aprendizagem que quero destacar diz respeito ao trabalho que fiz envolvendo linha de tempo: a história de cada um.
Neste trabalho os alunos pesquisaram em casa fatos que marcaram suas histórias a partir do nascimento até os dias atuais. Após a pesquisa e conversa sobre as histórias montamos uma ferinha com objetos e fotos das crianças nas diferentes idades. Convidamos as outras turmas de A20 para nos visitar.
O grande movimento que este trabalho despertou foi o interesse das demais turmas, além de fazer com que meus alunos se apropriassem de suas próprias histórias eles passaram a apresentá-las com orgulho para outros colegas.
As demais professoras se sentiram também desafiadas pelo trabalho, pois perceberam o envolvimento e seriedade que os alunos demonstraram ao realizá-lo.
A relação dialógica que se estabelece entre o Eu e o Outro pressupõe que o Eu se conheça, identificando-se consigo próprio, diferenciando-se do outro, mas reconhecendo que este constitui uma identidade diferente, com outros valores, necessidades e capacidades; neste reconhecimento de identidades surgem os conceitos de respeito, empatia, exigência e partilha. A actividade da criança desenvolve-se no espaço e no tempo com a realidade material e com as pessoas com a actividade interpessoal consistindo na relação recíproca assimétrica e dialéctica entre pessoas, sujeitos capazes de sair de si mesmos e colocar-se no lugar do outro, sem deixar de serem eles próprios, sem manipular ou subalternizar o outro (Alarcão, 1991; Tavares, 1996).
Ao final da exposição uma das professoras retornou a nossa sala com seus alunos e um relatório sobre a visita.
Percebi que é necessário outorgar as crianças responsabilidades, deixando-as agentes de suas pesquisas e construção de conhecimento, posso assumir um papel menos fiscalizadora e duvidosa de que eles não irão conseguir, e realmente continuar instigando meus alunos e como Vygotsky atribuiu ao papel do professor, impulsionar e conduzir o desenvolvimento das crianças.
Aprendi nesta semana que é possível confiar na capacidade das crianças em se organizarem quando elas desejam, também aprendi que muitas vezes a intervenção de uma crianças com a outra (entre seus pares) é mais valiosa que a interferência do professor. Isto se dá quando não consigo fazer-me entender e peço a um aluno explicar a outro e este passa a entender o que queria passar-lhe após a explicação do colega.
Um exemplo mais grosseiro disso foi que nos ensaios da semana para a apresentação do dia das famílias na escola, eu sempre reproduzia com as crianças os movimentos (coreografia) e cantava a música com eles que ficam desatentos e aguardavam meus movimentos, a partir do momento que passei a não faz~e-los mais junto com as crianças, elas perceberam que teriam que saber sozinhas quando realizar e cantar cada parte da apresentação e passaram a estarem bem mais atentas e concentradas. E, tembém em um ds ensaios um de meus alunos insistia em arrastar-se pelo chão e mesmo que eu chamasse sua atenção ele tornava a fazer... Até que uma aluna disse a ele: - Pare com isso, você não é mais bebê. Foi o suficiente para ele se levantar dali.
Por fim gostaria de registrar que estava bastante insegura frente à realização de um projeto que não era voltado para a alfabetização e sim para o tema identidade, minha insegurança era de não atender a alfabetização como deveria. Mas, após o conselho de classe e as avaliações que os alunos fizeram percebi que a alfabetização perpassa todo o projeto e é trabalhada de forma coadjuvante a ele. Meus alunos estão demonstrando maior maturidade percebida pelas demais colegas da escola e também maior organização frutos do projeto, além disso percebi suas evoluções no processo de aquisição de escrita.


MONTAGEM DA FEIRA COM EXPOSIÇÃO DA LINHA DE TEMPO DE CADA ALUNO, FOTOS E OBJETOS DE QUANDO ERAM BEBÊS:


VISITAÇÃO DAS OUTRAS TURMAS DE A20 A NOSSA FEIRA.
(Cada aluno mostrou sua linha de tempo, objetos e fotos, e contou um pouco de sua história para os colegas das demais turmas , assim como destacou um fato como o mais importante até a idade atual.)


OS ALUNOS DA TURMA A22 NOS REVISITARAM COM RELATÓRIOS SOBRE A OBSERVAÇÃO DA FEIRA, E DESTACARAM OS FATOS QUE GOSTARAM MAIS SOBRE A HISTÓRIA DE CADA ALUNO.



ENSAIO DAS TRÊS A20, PARA A APRESENTAÇÃO DE SÁBADO DIA 15/05/10, HOMENAGEM AS FAMÍLIAS, NA SALA DE MULTIMEIOS. MÚSICA AS SEMENTES DE BETO HERRMANN:

REPOSTAGEM SEMANA 4

Acreditando que a aprendizagem deve ser construída, e que para o aluno passar a relacionar um novo conhecimento, a um prévio já existente, ele deve interagir, explorar, pesquisar, experimentar e internalizar tal conhecimento.
Lembrando Vigotski que denominou o processo de internalização como:
“ ... o processo de reconstrução interna de uma operação externa. Esse processo consiste numa série de transformações em que o indivíduo apreende para si aquilo que se encontra no mundo externo em forma de produções histórico-sociais e culturais. Assim, “[...] uma atividade externa é reconstruída e começa a ocorrer internamente. Um processo interpessoal é transformado num processo intrapessoal.”
(VIGOTSKI, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1996.)
Pensando assim como professora devo proporcionar a meus alunos recursos para que estes processos possam ocorrer. Assumir uma postura interacionista e aplicar os conceitos do interacionismo de Vygotsky, levando em consideração as experiências anteriores dos alunos, pois proporcionam novas construções, além disso, considerar as relações que estes alunos estabelecem no ambiente em que vivem.
Sendo assim, de nada adianta falar em alimentação saudável a alunos com baixo poder aquisitivo, numa atualidade onde a alimentação saudável é mais cara que a industrializada. Exemplo disso é que as mães de alguns de meus alunos comentaram que com o preço de duas maçãs elas comprariam um quilo de massa e alimentariam a família inteira.
Neste momento repensei meu planejamento. Havia planejado realizar uma receita com os alunos, mas a receita original possuía itens mais caros, então ao invés de pedir para que os alunos trouxessem os ingredientes da receita, eu trouxe alguns e a escola colaborou com outros, e os itens mais caros foram substituídos por itens mais baratos, sem alterar o objetivo de preparar um alimento saudável.
A aprendizagem para ser significativa implica em atribuir significado. Ao longo da semana pesquisamos, conversamos e procurarmos alimentos saudáveis e de baixo preço.
Um dos propósitos da semana era entender a importância de uma alimentação saudável e seus benefícios, este propósito ampliou-se para uma alimentação saudável, benéfica e de baixo custo, indo de encontro às necessidades da comunidade escolar.
As mães mais envolvidas comentaram e demonstraram interesse em participarem da realização de oficinas com receitas com cascas, talos e sobras de alimentos. (reaproveitamento)Mas, esta oportunidade será repensada em um outro momento.
Com o envolvimento de algumas famílias, as crianças se mostraram muito mais entusiasmadas em realizar nossa receita, muitas comentaram que pediriam para suas mães fazê-la em casa. Muitos durante toda a semana trouxeram em suas falas compreensão sobre os benefícios de uma boa alimentação e recriminaram seus colegas que traziam alimentos “menos saudáveis”, também contribuíram com falas e idéias sobre uma boa alimentação.
Houve, portanto nesta experiência trocas significativas entre professor, aluno e famílias, que contribuíram para aquisição de conhecimento e mudança de hábitos, não de uma forma imposta, mas internalizada a partir de conceitos trabalhados de acordo com os interesses dos envolvidos no processo.

QUARTA SEMANA

Ao final da quarta semana percebi minha grande ansiedade em realizar todas as atividades propostas em meu planejamento. Essa semana foi bastante atribulada, pois nela deveriam ser realizadas atividades que requeriam tempo e além destas, avaliações e ensaio para apresentação referente ao dia das mães.
Inicialmente fiquei frustrada por não ser possível realizar tudo aquilo que havia previsto, mas ao repensar o planejamento percebi a necessidade da flexibilidade. Um planejamento flexível que consegue atender as demandas da semana é muito mais importante do que atividades pensadas anteriormente sem vivenciar a realidade da semana.
Então fui de encontro às necessidades dos alunos e da escola e priorizei atividades que eram mais significativas para as crianças e assim consegui bons resultados. Mas na verdade o trabalho desta semana continuará, pois o tema alimentação saudável deve ser abordado diariamente com os alunos, no momento das refeições realizadas na escola. É algo a ser cultivado. Perceberei melhor o resultado deste trabalho nas escolhas referentes a alimentos, feitas pelas crianças.